quinta-feira, 10 de maio de 2012

A resistência aos antibióticos.

A resistência aos antibióticos.
O que é a resistência aos antibióticos?

A resistência aos antibióticos ocorre quando estes perdem a capacidade de controlar o crescimento ou morte bacteriana; ou seja, é a forma que as bactérias encontram para neutralizar o efeito do antibiótico.
Assim, uma bactéria é considerada resistente a determinado antibiótico quando continua a multiplicar-se na presença de níveis terapêuticos desse antibiótico.
 
Porque é que as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos?

Quando uma bactéria é susceptível a determinado antibiótico é destruída por acção do mesmo, no entanto permanecem as bactérias resistentes, então as únicas a proliferar. Assim, estas bactérias resistentes permanecerão no local de infecção e tornam-se predominantes após acção sucessiva de antibiótico (pressão de selecção).
O principal factor favorecedor da resistência aos antibióticos, e que se relaciona directamente com os nossos hábitos terapêuticos, do qual temos que tomar consciência, é a pressão de selecção exercida pelo uso intensivo, muitas vezes excessivo, da antibioterapia. Os antibióticos, por vezes, são vendidos sem prescrição médica e, frequentemente, os doentes tomam antibióticos desnecessariamente, nomeadamente para tratamento de doenças virais (gripe).
O perigo da utilização intensiva de antibióticos ultrapassa, muitas vezes, o domínio médico, pois estes são também largamente utilizados na criação de gado, piscicultura, indústria alimentar, etc.

Como é que as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos?

 Há bactérias que são naturalmente resistentes aos antibióticos, pois adaptaram-se para sobreviver na sua presença, desenvolvendo os mecanismos necessários para tal.
Os mecanismos de resistência são hereditários, isto é, uma bactéria transmite à sua descendência a resistência aos antibióticos; mas pode ainda transmiti-lo às bactérias circundantes que coabitam com a bactéria resistente. É desta forma que as bactérias que vivem no corpo humano sem nos causar problemas (comensais) se tornam resistentes.
Um problema que existe é que os antibióticos não diferenciam entre as bactérias que coabitam connosco (comensais) e as bactérias agressivas (as patogénicas, que causam as infecções). As bactérias patogénicas podem já ser resistentes aos antibióticos quando entram no nosso organismo. Como as bactérias comensais não podem defender-se, quando tomamos inutilmente um antibiótico este pode eliminá-las, embora sejam necessárias ao nosso organismo.
A resistência pode surgir por aquisição de mutações espontâneas (devido à modificação da informação genética "endógena") ou por aquisição de material genético de outras bactérias (“exógeno"). Neste último caso, pode haver transferência (disseminação) de material genético, por simples conjugação, com outra bactéria - nomeadamente dos genes que codificam para a resistência aos antibióticos - o qual se pode encontrar em elementos genéticos móveis (plasmídeos e transposões). Este material genético também pode ser transferido (disseminado) para outra bactéria através dos vírus das bactérias (os bacteriófagos).

 
 Como a resistência aos antibióticos se transmite à descendência, as bactérias comensais resistentes ao multiplicarem-se ocupam os lugares deixados livres pelas susceptíveis, que vão sendo destruídas pelo antibiótico; assim,  predominarão as bactérias resistentes. Quando nós tomamos antibióticos com (muita) frequência iremos, cada vez mais, manter bactérias resistentes a esse antibiótico no nosso organismo.
Como as bactérias resistentes podem ser transmitidas a outros indivíduos, quem nunca tomou antibiótico também poderá estar incluído. Assim, o uso de antibióticos e a resistência podem eventualmente afectar uma comunidade inteira.
A utilização indevida de antibióticos favorece portanto a propagação de bactérias resistentes.